sábado, 3 de agosto de 2013

XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

“Vaidade das vaidades!” (Lc 10,42)

O livro do Eclesiastes lança um grito para os homens e mulheres de todos os tempos, especialmente o nosso, que poderíamos traduzir assim: Qual o sentido de toda a tua labuta? Para que você trabalha e se preocupa tanto se diante da morte tudo acaba?

Na correria do nosso dia a dia a gente se vê arrastado pelos compromissos no trabalho, o desejo de melhorar de vida, de comprar coisas, de ganhar dinheiro... O tempo vai passando, a vida vai escorrendo e a nossa sina é sempre essa. Até que acontece algo muito trágico – a morte de um filho, uma doença incurável, um desastre – que nos obriga a pensar e reorienta nossa vida (quando não caímos na tentação de culpar Deus pelas coisas ruins e continuamos vivendo da mesma forma). As leituras de hoje podem nos ajudar nesta importante tarefa: o que é essencial na minha vida?

Um homem foi procurar Jesus pedindo para que ele interviesse junto ao seu irmão para que dividisse a herança com ele de forma justa. Os mestres da época, muitas vezes, precisavam fazer o papel de juízes de pequenas causas e era isso que o homem pedia. Jesus, porém, aproveita a situação para dar um ensinamento mais profundo: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15). O que adianta um médico fazer três plantões por semana para ganhar mais dinheiro para dar uma vida melhor para sua esposa e seu filho se não tem tempo para ficar com eles? O que adianta alguém conseguir muito dinheiro se tudo aquilo é fruto de roubo, enganações ou exploração dos trabalhadores mais pobres? Quando essa pessoa morrer e comparecer diante do justo Juiz, o que lhe dirá?

Jesus conta uma parábola de um homem que teve uma colheita extraordinária e pensou: “Minha vida está garantida até o final. Agora vou estocar tudo isso e desfrutar o resto dos meus dias”. Este homem é um insensato ao pensar que sua vida depende dos seus bens e se esperou até esse momento para desfrutá-la. Naquela mesma noite ela lhe será tirada. Precisamos reconhecer que nossa vida, por mais que tenhamos ou trabalhemos, depende de Deus. Nossa confiança precisa estar realmente Nele. Se temos essa consciência, iremos trabalhar para viver melhor (e não viveremos para trabalhar). Aquilo que sobra dos bens iremos destinar para os pobres, para a missão ou para o sustento da Igreja[1]. Dessa forma estaremos acumulando um tesouro no céu.


Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba



[1]É importante perceber que Jesus não está fazendo uma defesa do endividamento, empréstimo ou do financiamento. Se você sabe que irá precisar de algo daqui a um tempo (faculdade particular para um filho, trocar de carro etc) não existe problema em fazer uma poupança com este fim. O que Jesus critica é acreditar que sua vida depende do dinheiro e querer sempre acumular mais.

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