sábado, 6 de julho de 2013

XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C




                                                                              “Eis que vos envio” (Lc 10,3).
O evangelho de hoje é muito providencial ao momento que iremos vivenciar nas próximas semanas: a primeira missão de proporção nacional em preparação à Jornada Mundial da Juventude que acontecerá no Rio de Janeiro com o Papa Francisco. Meditando atentamente este evangelho teremos a oportunidade de nos preparar bem para este momento que todos são convidados a participar.
Lucas é o único que narra o envio dos discípulos, os outros evangelistas falam somente da missão dos doze. O motivo pode ser encontrado no simbolismo do número. O doze representa para nosso evangelista Israel, enquanto setenta e dois as nações pagãs_. Narrando a escolha dos setenta e dois discípulos Lucas quer prefigurar todos aqueles que vão se tornar discípulos de Jesus mesmo não sendo judeus. Estes cristãos não serão de segunda categoria em relação aos cristãos de origem judaica, eles também serão enviados em missão como os Apóstolos. De fato, S. Paulo escreve na segunda leitura que nem a circuncisão (sinal da pertença ao povo judeu), nem a incircuncisão têm valor; o que conta é a criação nova que acontece em todas as pessoas que confiam a sua vida a Jesus Cristo, o que conta é a fé em Cristo (cf. Gl 6,15). Vejamos então como é a missão dos discípulos.
Jesus envia-os em duplas, como precursores, em todas as cidades onde ele próprio devia ir, e alerta: vos envio como cordeiros para o meio de lobos (Mt 10,3). Não se pode ser ingênuo, a missão acontece em meio a pessoas que possuem segundas intensões, acostumadas, muitas vezes, com o mal. É também a estas pessoas que se precisa dirigir a palavra, sem contudo se deixar envolver pelo mal que elas podem estar vivendo.
Para que a missão aconteça neste ambiente hostil a Deus e à sua palavra é necessário seguir as orientações de Jesus: “Não leveis bolsa, nem sacolas, nem sandálias” (Mt 10,4). Isso significa que o missionário não pode confiar no dinheiro, nas reservas que levou, mas precisa depender inteiramente de Deus. Ele vai providenciar tudo, o que comer, onde dormir, o que falar, porque não se parte por conta própria, mas enviado pelo Filho, que por sua vez foi enviado pelo Pai. Deus irá garantir a missão e o missionário, só é preciso confiar inteiramente Nele. Mas a providência divina não deve ser desculpa para explorar as pessoas que acolhem os enviados exigindo comidas especiais ou conforto (cf. Mt 10,7). O discípulo missionário precisa se contentar com aquilo que lhe derem.
“Não cumprimenteis ninguém pelo caminho” (Mt 10,4), podemos ficar impressionados com esta orientação de Jesus, parece falta de educação ou antipatia. Mas precisamos entender que o cumprimento judaico daquela época não era apenas dizer “bom dia”, mas envolvia uma longa conversa. O que o Senhor está pedindo é que o missionário não se desvie do seu objetivo de anunciar o evangelho e comece a fazer outras coisas, perdendo o foco da missão.
Agora chegamos ao ponto mais importante, o que se deve fazer: curar os doentes e pregar que o Reino de Deus está próximo. Em suma, se deve fazer o que Jesus fez, anunciar a Boa Nova da salvação com palavras e ações. Para que as pessoas percebam que chegou o tempo da graça (cf. Lc 4,19) elas precisam ouvir a Boa Nova e ver que o Senhor ressuscitado continua agindo hoje, como fazia no seu tempo do seu ministério público e nos primeiros anos da Igreja. As curas servem para confirmar que a palavra que a Igreja anuncia não é de homem mas de Deus.  Os santuários de romarias com suas salas de ex-votos é um indício que o Senhor continua agindo. Outra constatação fácil de realizar é perguntar durante uma missa dominical quem já recebeu alguma cura durante uma celebração. Para surpresa do padre que nunca celebrou missa de cura ou carismática, ou mesmo se considera da teologia da libertação, vários irão vão levantar a mão. Quem cura não é o padre que conduz o louvor, ou as orações especiais, mas o Senhor que nos enviou em missão.
Você que acredita em Jesus e procura viver segundo sua fé na comunidade dos cristãos, você se tornou discípulo do Senhor de uma maneira nova. Não mais seguindo o Mestre pelas estadas da Palestina mas seguindo-o pelas estradas de sua vida na comunidade fundada por ele. Agora você é chamado a se tornar missionário: seja partindo de dois em dois para pregar o evangelho e curar os doentes na nossa paróquia, porque muitos batizados vivem como se não conhecessem Jesus; seja rezando por esta missão de abrangência nacional;  ou mesmo providenciando aquilo que for necessário materialmente para que a missão aconteça.
Lembremos o que os bispos nos ensinaram através do Documento de Aparecida: todo discípulo verdadeiro se tornar um dia missionário, e todo missionário não pode deixar de ser discípulo.




Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba

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