sexta-feira, 21 de junho de 2013

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

Sois filhos de Deus pela fé em Jesus (cf. Gl 3,26).


A fé em Cristo trouxe uma grande revolução na cultura da época. O mundo de então se dividia entre pagãos e judeus. Pagão era todo aquele que não pertencia aos descendentes de Abraão por nascimento ou por conversão (adesão aos 613 mandamentos da lei e à circuncisão), e por isso não tinham direito a prestar culto ao Deus único. As mulheres que nasciam judias tinham uma posição melhor que os estrangeiros, mas nunca podiam ser consideradas iguais aos homens judeus diante de Deus e entre si. Aquelas que não pertenciam a esse povo não podiam sequer se converter independentemente de seus maridos.

S. Paulo, conhecendo o ensinamento e a prática de Jesus, vai fazer uma afirmação que ainda hoje é revolucionária, e, talvez, ainda não tenhamos entendido de forma adequada: “O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo” (Gl 3,28). A fé cristã trouxe uma nova e igual dignidade para o ser humano. O importante não é a etnia (raça), gênero (homem e mulher), nacionalidade, cultura, classe social... mas aquilo que somos a partir da nossa fé e batismo. Somos filhos de Deus, revestidos de Cristo, descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa. Títulos que Paulo atribui ao cristão presente na passagem de Gálatas que lemos hoje.

Jesus, de fato, não colocou limites para as pessoas se tornarem seus discípulos. Entre esses existiam homens e mulheres, pecadores públicos e fariseus devotos. No evangelho de hoje ouvimos o seu convite: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,23). Aqueles que acreditam no Messias que veio dar sua vida pelos seus e desejam segui-lo, precisam viver como Ele. Entre os seus discípulos não existem maiores ou menores; todos têm o mesmo valor diante do Mestre. Se lemos com atenção as cartas paulinas e os Atos dos Apóstolos, percebemos que as mulheres assumem funções importantes na comunidade cristã, o que não era comum naquela época.

Será que nossa comunidade cristã tem levado a sério esta afirmação da Escritura: somos todos iguais diante de Deus, somos filhos. Ou ainda consideramos que na Igreja existem os mais e os menos importantes? Em primeiro lugar estaria o padre, depois os ricos, inteligentes... por último eu que não tenho muita coisa a oferecer.

Na Igreja não deve ser assim. Somos todos iguais, padres, bispos, leigos, homens e mulheres... somos filhos de Deus graças à fé em Cristo e ao batismo. Em Mateus encontramos uma palavra revolucionária de Jesus nesse sentido: "Vós, não vos façais chamar de ‘rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos”(Mt 23,8). Somos todos irmãos e como tal precisamos viver na nossa comunidade. O padre, ou bispo, é colocado nela como um irmão que tem a missão de ajudar os outros nessa caminhada, não como alguém que se impõe, mas como servo (“o maior dentre vós deve ser aquele que serve”: Mt 23,11).

Será que nossas comunidades são uma Igreja de irmãos, ou fazemos ainda distinção de pessoas mais e menos importantes? Será que colocamos o padre como o mais importante de todos, que precisa fazer tudo para nós; ou o vemos como um irmão que está junto conosco na caminhada, que tem a função de nos ajudar por ser "mais velho" (presbítero: ancião), mas também precisa da nossa ajuda?

                                                                                 Pe. Emilio Cesar
                                                                                 Paroco de Guaiuba - CE

Nenhum comentário:

Postar um comentário