sábado, 15 de junho de 2013

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C




“Tua fé te salvou.”


Quando lemos esta passagem ficamos tão desconcertados com aquilo que a mulher faz que esquecemos esta última frase de Jesus. Foi a sua fé que a salvou dos pecados.
S. Paulo, na segunda leitura de hoje, vai nos ensinar que a fé é uma confiança total em Jesus Cristo que nos leva a ser justificados, ou seja, a ser perdoados de todos os pecados. Não são as obras da lei (a circuncisão, a obediência aos 613 mandamentos da lei...) que nos conquistam da parte de Deus o perdão e a justiça mas é a confiança que temos na obra redentora do nosso Salvador. Se eu vivo crendo no filho de Deus que me amou e se entregou por mim na cruz então sou um cristão autêntico.
Em outras palavras, esta é a experiência fundamental do cristão, é aquilo que faz uma pessoa começar seu nascimento para a vida cristã. O Documento de Aparecida vai falar desta experiência como encontro, pessoal e comunitário, com Jesus (D.A. 11, 12, 13, 14, 21). Para acontecer isso é preciso que a pessoa se perceba necessitada do Senhor, reconheça a sua condição de pecadora. O encontro da miséria humana presente no indivíduo com o Deus amoroso que perdoa seus pecados gera um coração grato. É esta experiência de fé que foi decisiva naquela mulher e que o evangelho não narra mas pressupõe.
A mulher entra na sala onde estavam os convivas reclinados à mesa (naquela época os grandes banquetes eram realizados dessa maneira e não sentados) e se coloca aos pés de Jesus e começa a banhá-los com suas lágrimas, enxugar com seus cabelos, beijá-los e perfumá-los. A educação dizia que um anfitrião ao receber um convidado ilustre em sua casa deveria acolhê-lo beijando na face, derramando óleo perfumado na cabeça e oferecendo água para banhar os pés. Nada disso Simão tinha feito, mas aquela mulher fazia todos os gestos de acolhimento de uma forma extrema.
A parábola que Jesus conta, além de desmontar o pensamento maldoso do fariseu (cf. Lc 7,39), explica o sentido daquelas ações exageradas da mulher. Um credor (alguém que emprestou dinheiro) perdoou a dívida de duas pessoas, um lhe devia pouco e outro muito. Qual dos dois amará mais o credor bondoso? Simão, o anfitrião de Jesus, teve que dar uma resposta e, com ela, se envolveu na história: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais” (Lc 7,43). “Julgaste bem”, disse Jesus, e se voltando para a mulher continuou falando para Simão. Imaginar esta cena é muito importante para perceber a força das palavras do Mestre. Jesus Fala ao fariseu olhando para a pecadora! É como se ele dissesse: esta mulher demonstra muito amor para comigo porque ela experimentou o perdão de seus pecados, e ela reconhecia eram muitos. Você não demonstrou amor para comigo fazendo os gestos de acolhimento normais porque se acha justo, não necessitado de perdão, por isso seu coração não é grato e não consegue demostrar amor como esta pecadora.
Sei que muitas vezes ouvimos homilias ou pregações que interpretam esta passagem no sentido inverso: quem ama mais receberá maior perdão. Mas a parábola e a última frase que Jesus diz a Simão demonstra claramente o sentido apresentado acima: “Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor” (Lc 7,47).
Como é difícil para os homens e mulheres do século XXI dizer: eu sou pecador, indigente, preciso de Deus e do seu perdão. Se esta pessoa consciente de sua limitação se encontra com o amor de Deus manifestado na morte e ressurreição de Jesus faz uma experiência libertadora. Ela vê sua vida transformada pelo perdão divino e passa a ter um coração grato que em tudo procura amar a Deus sem medo da desmesura, nem vergonha do que vão falar.


                                                             Pe. Emilio Cesar

                                                             Pároco de Guaiuba

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