sábado, 1 de junho de 2013

IX DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Para sempre seja louvado!

Caros irmãos e irmãs,

No tempo de Jesus, o mundo era dividido em dois: os judeus e os não-judeus. Estes também eram chamados de pagãos e considerados impuros e, por isso, inadequados ao culto e à fé judaica até o momento de sua conversão, que se dava com a circuncisão e a obediência aos 613 mandamentos da lei. Nos Atos dos Apóstolos temos exemplos claros de como essa mentalidade também estava presente nos primeiros seguidores de Jesus: história de Pedro pregando na casa do pagão Cornélio (At 10), o mesmo apóstolo precisa justificar sua conduta quando retorna à Igreja-mãe (At 11,1-18), a dificuldade em Antioquiaem relação à salvação dos não-judeus(At 15, 1-2) e a solução do problema na assembleia de Jerusalém (At 15).

É muito difícil para nossa cultura católica nordestina entender isso. Pagão, no Novo Testamento, são todos aqueles não pertencem ao povo, à cultura e à religião de Jesus, o judaísmo. Eles eram vistos pela maioria dos judeus, e pelos primeiros cristãos (que eram judeus), como pessoas inadequadas à fé no único Deus, naquele que tinha libertado o povo do Egito e lhe constituído nação santa. Nós, leigos presentes nesta Igreja, padre, bispos... também seríamos considerados pagãos, inadequados às práticas religiosas da época de Jesus. O que, então, mudou isso? Por que nós, cristãos de origem pagã (não-judeus), somos mais numerosos do que os de origem judaica?

A resposta dessa pergunta seria muito extensa, e não daria para tratar de todo o assunto durante uma homilia. Aqui queremos ir na raiz da mudança e ela se encontra no evangelho. Jesus ficou impressionado com a fé de um centurião romano (chefe de um grupo de soldados romanos), que era pagão, e declarou: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc 7,9).

Aquele homem queria que Jesus curasse um funcionário seu que estava muito doente, mas ele não se sentiu digno nem mesmo de encontrar o Mestre no caminho. Por isso, pediu, através de seus amigos, que Ele dissesse uma só palavra que seu servo seria curado. Assim como a palavra do centurião podia fazer muitas coisas, porque tinha soldados sob sua ordem, quanto mais a palavra de Jesus. Ela podia curar sem mesmo precisar entrar na sua casa. Quanta confiança e abandono desse homem ao ponto de merecer o elogio do Senhor. Nenhum judeu recebeu tais palavras por sua fé, somente um pagão.

Aquilo que Jesus procura são homens e mulheres que confiem nele mais que em sua própria etnia, história, capacidade e forças. Alguém que faz um ato de humildade e diz: “Eu creio em Ti, eu confio em Ti mais do que em mim”. É isso que agrada a Deus e faz nascer um novo povo, não mais ligado pelo sangue e cultura, mas pela fé na mesma pessoa: Jesus morto e ressuscitado.

O evangelho de Paulo, presente na segunda leitura, é justamente esse que falamos antes. A fé em Jesus morto e ressuscitado conduz a pessoa ao perdão dos pecados, ao batismo e a uma vida nova na comunidade dos cristãos. Paulo, na carta aos Gálatas, é muito duro com quem não permanece fiel a esta Boa Nova ou quem anuncia algo diferente, principalmente se propõe práticas judaicas e pagãs (circuncisão, observância de calendário lunar, abstinência de alimentos etc.) como se fossem instrumentos de salvação para si.

Além de confiar na pessoa de Jesus, precisamos também acreditar em suas palavras e no evangelho pregado por Paulo. Esse evangelho continua sendo o fundamento da vida cristã. Por isso, antes de aceitarmos qualquer pregação, por mais espiritual que seja ou por mais autoridade que tenha o pregador (poderia ser até um anjo a nos falar, diz São Paulo em Gl 1,8!), precisamos confrontá-la com essa Boa Nova para não desviarmos do caminho que Jesus nos deixou.

Meus irmãos, façamos silêncio e deixemos que a Palavra do Senhor nos sonde e nos mostre como está nossa fé.

Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba


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