segunda-feira, 20 de maio de 2013

A espiritualidade da escuta


I. FUNDAMENTO BÍBLICO-TEOLÓGICO DO PROJETO
2. A espiritualidade da escuta

A espiritualidade é um estilo de vida no Espírito. Há muitas propostas de espiritualidade embora alguns elementos sejam comuns a todas: profundo fundamento na Palavra de Deus, centralização na Pessoa de Jesus Cristo e solidariedade com o outro.
Perscrutando o Evangelho, percebemos que a escuta é o grande distintivo do cristão. O discípulo é aquele que escutou o chamado do Mestre e, deixando tudo, o seguiu. Sentado a seus pés ouvia o que ele tinha a lhe ensinar e, como Maria, guardava tudo em seu coração meditando o significado das palavras (cf. Lc 2,19) para poder vivê-las. Esta escuta, meditação e vivência devem ser tão intensas que levam o ouvinte a se tornar irmão e mãe de Jesus (cf. Mc 3,31-35), fazendo que Jesus seja novamente gerado, não mais no ventre de Maria, mas na própria vida.
Para visualizar melhor e aprofundar a espiritualidade do discípulo missionário propomos como fundamentação a parábola do semeador (Lc 8,4-16). O semeador é Jesus. A semente é sua Palavra. A semeadura é o anúncio. Os terrenos são os ouvintes com suas diferentes formas de acolher a Palavra.
A semente traz em seu bojo, uma força dinâmica de crescimento e de identidade. Esconde “dentro” uma potência e é a partir dela que vive o seu processo de desenvolvimento. Eis porque Jesus Cristo e o seu Reino são comparados a uma semente que deve desabrochar em nós e em nossas comunidades e paróquia, até atingir a sua plena maturação. Esta semente, porém, com toda a sua força, se não encontra uma terra boa não pode germinar, crescer, florescer e frutificar. Por isso, o discípulo missionário precisa saber ouvir, guardar e meditar a Palavra para que ela frutifique na sua vida. Em Lucas esta parábola é um esboço da história da missão, o modo de ser e de atuar das Comunidades. Quando posteriormente o evangelista escreve os Atos dos Apóstolos, ele se preocupa em destacar o crescimento das primeiras Comunidades. Embora não faça alusão direta à parábola, sentimos que tem presente o processo de crescimento da semente: “E a palavra do Senhor crescia. O número dos discípulos aumentava, enormemente, em Jerusalém...” (At 6,7); “...a Palavra de Deus crescia e se multiplicava” (At 12,24); “Ouvindo isso, os gentios se alegravam e glorificavam a Palavra do Senhor e todos os que eram destinados à vida eterna abraçaram a fé. Assim, a Palavra do Senhor difundia-se por toda a região” (At 13, 48-49).
O crescimento ao qual faz alusão é sinal da autenticidade da semente (Palavra de Deus) que, viva e eficaz, não pode deixar de dar frutos quando encontra terra boa (ouvintes atentos).
Portanto, a escolha da semente e do seu processo evolutivo para caracterizar a nossa espiritualidade nos leva, através de sua vivência, a formar Comunidades Missionárias. Esta vivência supõe um processo, como acontece com a evolução normal da semente. O fruto que queremos colher não aparece mecanicamente. Ele representa a culminância de um processo, onde há um tempo para tudo: tempo para semear, tempo para germinar e nascer, tempo para podar, tempo para frutificar, finalmente, tempo para colher (cf. Eclo 3,1-8). Por isso, sugerimos que cada comunidade visualize esta espiritualidade plantando, cuidando, podando, contemplando a floração e fazendo a colheita de uma pequena árvore que representa a sua espiritualidade. O processo pedagógico seguirá o tempo litúrgico da seguinte forma:
Advento – plantar a semente;
Natal – cuidar do broto;
Quaresma - podar;
Páscoa – florescer;
Tempo comum – frutificar e colher

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