sábado, 6 de abril de 2013

II DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C


Cristo ressuscitou, aleluia!
Sim, ressuscitou de verdade, aleluia!

Caros irmão e irmãs,

No primeiro dia depois do sábado, que para o judeu era um dia como qualquer outro, seria a “primeira-feira” de trabalho, Jesus ressuscitado entra no lugar onde os discípulos se encontravam, se coloca no meio deles e diz: “Paz a vós”.
A “primeira-feira” se tornou um dia muito importante para o cristão porque em todos os relatos bíblicos Jesus ressuscitado sempre aparece neste dia. Por isso, passamos a chama-lo domingo (dies dominica), o dia do Senhor. O primeiro dia da semana recorda o início da criação, o dia em que Deus criou a luz. Mas ele também é apresentado como oitavo dia, ou seja o primeiro depois do descanso que Deus realizou no sábado ao finalizar a criação do céu e da terra. O Catecismo da Igreja Católica afirma que Cristo depois de seu ‘repouso’ do grande sábado, no “oitavo dia’, inaugura o dia "que o Senhor fez", o "dia que não conhece ocaso” (cf. Cat. 1166).
“Quando meditamos, ó Cristo, as maravilhas que foram operadas neste dia de domingo de vossa santa ressurreição, dizemos: Bendito é o dia do domingo, pois foi nele que se deu o começo da criação (...) a salvação do mundo (...) a renovação do gênero humano.(...) E nele que o céu e a terra rejubilaram e que o universo inteiro foi repleto de luz. Bendito é o dia do domingo, pois nele foram abertas as portas do paraíso para que Adão e todos os banidos entrem nele sem medo”[1] (Cat. 1167).
«O Domingo é o dia por excelência da assembleia litúrgica, em que os fiéis se reúnem “para, ouvindo a Palavra de Deus e participando na Eucaristia, fazerem memória da paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus, e darem graças a Deus, que os ‘regenerou para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos’"» (Cat. 1167).
Pessoalmente acredito que não podemos afirmar que existe uma comunidade cristã onde não se celebra o dia do Senhor. Infelizmente na nossa paróquia, muitas comunidades celebravam a missa uma vez por mês em um dia de semana, e no domingo não se reuniam para celebrá-lo. As capelas das comunidades permaneciam fechadas no domingo. Que comunidade cristã é essa? Será que ela realmente acredita e testemunha que Cristo ressuscitou dos mortos? Graças a uma tomada de consciência de todos nós, padres e leigos, já faz seis anos que celebramos a missa uma vez por mês em todas as vinte seis comunidades da nossa paróquia no dia do Senhor, ou na sua véspera (sábado a tarde). Nos outros domingos os próprios leigos celebram a palavra e, quando possível, distribuem a comunhão eucarística. Rezamos e sonhamos que um dia possamos ter padres suficientes para que se celebre a santa eucaristia dominical em todas elas.
Retornando ao evangelho, é importante perceber que quando Jesus aparece ele se coloca no meio dos discípulos, ou seja, no meio da comunidade reunida. Tomé não estava presente na primeira aparição, por isso não pode ver o Senhor e quando seus irmãos contaram o que tinha acontecido ele recusou a acreditar. Tomé é o oposto do discípulo que Jesus amava. Este acreditou que Jesus tinha ressuscitado dos mortos só vendo os sinais do sepulcro vazio e dos panos dobrados (cf. Jo 20,8). Tomé queria tocar nas chagas para ter certeza que era verdade o que estavam lhe dizendo.
Na segunda vez que Jesus se manifestou aos discípulos se colocando no meio deles, Tomé estava presente e pode ver o Senhor e escutar seu convite: "Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mais fiel" (Jo 20,27). O evangelho não diz se o discípulo incrédulo tocou ou não nas chagas do Senhor mas narra sua conversão: “Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus’” (Jo 20,28). A comunidade é o lugar onde o infiel, o que duvida, o que tem uma fé fraca ou vacilante pode encontrar o Ressuscitado e se tornar assim homem e mulher de fé profunda.
Por fim, gostaria de lembrar que a primeira palavra que o Senhor disse aos discípulos no dia da ressurreição foi “paz a vós”. Não é um desejo de paz (“a paz esteja convosco”) mas uma comunicação: “eu tenho a paz por isso eu a dou a vocês”. O mundo precisa de paz, nós buscamos a paz, mas nos esquecemos que só Jesus pode nos dar aquela paz verdadeira que é a reconciliação com Deus. E essa paz é dada aos discípulos reunidos e não aos indivíduos isolados na comodidade de suas casas.
O domingo é o dia da ressurreição de Cristo e, por consequência, o dia de nos reunirmos como irmãos para testemunhar nossa fé, nos encontramos com ele para fortalecer nossa confiança e recebermos sua paz, aquela que o mundo não pode dar.



[1] Fanqîth. Breviarium iuxta Ecclesiae Antiochenae Syrorum, v. 6, (Mossul )886) p. 193b

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