segunda-feira, 11 de março de 2013

V DOMINGO DA QUARESMA


Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Caros irmãos e irmãs,

Continuando o caminho da Quaresma, a Igreja nos apresenta neste domingo a passagem da mulher adúltera apanhada em flagrante. Esta passagem nos mostra dois grupos de pessoas necessitadas de conversão: o pecador público (mulher adúltera) e o religioso ágil em apontar os erros dos outros e lento para reconhecer os próprios (escribas e fariseus).
A lei do Antigo Testamento dizia: “Se um homem cometer um adultério com a mulher do próximo, o adúltero e a adúltera serão punidos com a morte” (Dt 20,10). Era isso que os escribas e os fariseus queriam fazer, aplicar a lei. Mas aproveitaram a ocasião para tentar apanhar Jesus em alguma falta: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” (v. 4).
Jesus se agachou e começou a escrever na terra – talvez uma forma de dizer: Vejam de que material vocês todos, não só esta mulher, são feitos: terra, pó. O gesto não foi compreendido pelos escribas e fariseus, que continuavam insistindo com Jesus. Finalmente o Mestre fala: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (v. 7). Aqueles que estavam tão decididos a fazer justiça, a extirpar o mal do seu meio (cf. Dt22,22.24), começaram a olhar para si e parece que perceberam que eles também eram pecadores. Largaram as pedras e saíram um a um, começando pelos mais velhos.
Não é difícil que aqueles que têm uma prática religiosa assídua, uma moral reta e um comprometimento com a Igreja, caiam neste mesmo erro se não buscam aprofundar sua fé em Jesus a cada dia. São especialistas em apontar o cisco que está no olho do outro, mas não conseguem ver a trave do próprio. Estes precisam de conversão. Nesta Quaresma, eles precisam descobrir que a perfeição de Deus (Mt 5, 48) é a misericórdia: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. ‘Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoais e sereis perdoados’” (Lc 6,36-37).
Para que esta conversão aconteça é fundamental que o homem e a mulher religiosos se tornem homem e mulher de fé. Ser religioso significa ter práticas que são somente frutos da educação dos pais, da cultura, do próprio hábito ou de tendências naturais, mas que não são consequências de um encontro com Jesus ressuscitado que me leva a uma adesão pessoal e a entrar num contínuo processo de conversão. O homem e a mulher de fé são aqueles que fizeram a experiência que Paulo fez no caminho de Damasco (At 9,1ss) e por isso podem afirmar com ele: “Na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema  que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor” (Fl 3,8). O conhecimento do Senhor é uma experiência de fé que abraça toda a vida e coloca a pessoa num caminho de conversão diária. Toda a sua vida e práticas religiosas precisam ser revisitadas, revistas a partir deste encontro. É claro que este caminho nunca pode ser feito sozinho, mas precisa ser enraizado numa comunidade de fé, para que ela ajude o fiel a, juntos com os irmãos,“alcançar Cristo” (Fl 3,12). Por isso, nós insistimos que os adultos, jovens e crianças da nossa paróquia precisam participar ativamente de um grupo de catequese e de sua comunidade.
A adúltera representa o outro grupo de pessoas que a Igreja convida à conversão, os pecadores públicos. Jesus disse claramente que não são os que têm (ou acham que têm) saúde que precisam de médico, mas os doentes; não são os justos (ou os que acham ser) que ele veio chamar à conversão, mas os pecadores (cf. Lc 5,31-32). São estas pessoas, que chegaram ao fundo do poço e se reconhecem necessitadas de salvação que mais facilmente podem encontrar Jesus ressuscitado no caminho da sua vida.
Nesta Quaresma, a Igreja, mais uma vez, chama todos à conversão. Não apenas a uma mudança de comportamentos religiosos para se tornarem “melhores” (“bons cristãos”), mas a uma mudança de mentalidade para se tornarem homens e mulheres de fé, que têm coragem de seguir Jesus, mesmo quando isto pode levar a perseguições.

Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba

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