III Encontro
Escatologia Intermediária
Na seção anterior vimos como as
palavras do Novo Testamento sobre a vinda gloriosa de Cristo e suas
consequências foram organizadas e entendidas pela Igreja através da sua
doutrina.
Agora precisamos saber: o que
acontece com as pessoas que morrem antes da vinda gloriosa de Cristo?
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Os crentes/evangélicos dizem que eles estão “dormindo”,
fundamentados em uma interpretação errada de 1Ts 4,13-14;
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Os espíritas acreditam que a alma “desencarnada” vai atrás
de outro corpo para se “reencarnar”;
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E nós, em que acreditamos?
Creio na vida eterna (Credo Apostólico)
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A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a
morte.
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Ela
não terá fim.
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Será precedida para cada um por um juízo particular
realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo
final.
Morte
A morte
·
Para ressuscitar com Cristo, temos de morrer com ele, temos
«de nos exilar do corpo para habitarmos junto do Senhor» (2 Cor 5, 8).
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Nesta «partida» (Fl 1,23) que é a morte, a alma é separada
do corpo. Este cai na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao
encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando este,
transformado, ressuscitar no regresso do Senhor.
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Por um lado, a morte do corpo é natural; mas sabemos pela
fé que a morte é, de fato, «salário do pecado» (Rm 6, 23).
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E para aqueles que morrem na graça de Cristo, é uma
participação na morte do Senhor, a fim de poder participar na sua ressurreição.
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As nossas vidas são medidas pelo tempo no decurso do
qual nós mudamos e envelhecemos.
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A morte surge como o fim normal da vida.
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Este aspecto da morte confere uma urgência às nossas vidas:
temos um tempo limitado para realizar a nossa vida.
«Lembra-te do teu Criador nos dias
da mocidade [...], antes que o pó regresse à terra, donde veio, e o espírito
volte para Deus, que o concedeu» (Ecl 12, 1.7).
Consequência
do pecado
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A morte entrou no mundo por causa do pecado do homem (DS
1511).
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Embora o homem possuísse uma natureza mortal. Deus
destinava-o a não morrer.
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A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus
Criador e entrou no mundo como consequência do pecado (Sb 2,23-24)
Transformada por
Cristo
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Jesus, Filho de Deus, também sofreu a morte, própria da
condição humana.
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Apesar da repugnância que sentiu perante ela (Mc 14,33-34;
Hb 5,7-8), assumiu-a num ato de submissão total e livre à vontade do Pai.
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A obediência de Jesus transformou em bênção a maldição da
morte (Rm 5,19-21).
Rm 5,18-19
18Por conseguinte, assim como pela
falta de um só resultou a condenação de todos os homens, do mesmo modo, da obra
de justiça de um só, resultou para todos os homens justificação que traz a
vida. 19De modo que, como pela desobediência de um só homem, todos
se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.
O
sentido da morte cristã
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Na morte, Deus chama o homem a Si.
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É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à
morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: «Desejaria partir e estar com
Cristo» (Fl 1, 23).
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E pode transformar a sua própria morte num ato de
obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23,46).
«Quero ver a Deus, e para vê-lo é
preciso morrer» (S. Teresa de Jesus, Poesia, 7).
«Eu não morro, entro na vida» (S.
Teresinha, Lettre).
Fim
da peregrinação terrena
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A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo
de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrena
segundo o plano divino e para decidir o seu destino último.
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Quando acabar «a nossa vida sobre a terra, que é só uma»
(LG 84), não voltaremos a outras vidas terrenas.
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«Os homens morrem uma só vez» (Hb 9, 27). Não
existe «reencarnação» depois da morte.
Morrer
em Cristo
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É morrer na graça de Deus, sem pecado mortal.
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O que crê em Cristo e segue o Seu exemplo pode assim
transformar a própria morte num ato de obediência e de amor ao Pai.
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«É certa esta palavra: se morrermos com Ele, também com Ele
viveremos» (2 Tim 2,11).
Pedir uma boa morte
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A Igreja nos encoraja a prepararmo-nos para a hora da nossa
morte («Duma morte repentina e imprevista, livrai-nos, Senhor»: antiga Ladainha
dos Santos), a pedirmos à Mãe de Deus que rogue por nós «na hora da nossa
morte» (Oração da Ave-Maria) e a confiarmo-nos a São José, padroeiro da boa
morte.
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A Igreja, depois de, pela última vez, ter pronunciado sobre
o cristão moribundo as palavras de perdão da absolvição de Cristo e de, pela
última vez, o ter marcado com uma unção fortificante e lhe ter dado Cristo, no
Viático, como alimento para a viagem, fala-lhe com estas doces e confiantes
palavras:
«Parte deste mundo, alma cristã, em
nome de Deus Pai onipotente, que te criou, em nome de Jesus Cristo, Filho de
Deus vivo, que por ti sofreu, em nome do Espírito Santo, que sobre ti desceu;
chegues hoje ao lugar da paz e a tua morada seja no Céu, junto de Deus, na
companhia da Virgem Maria, a Mãe de Deus, de São José e de todos os Anjos e
Santos de Deus [...]. Confio-te ao Criador para que voltes Àquele que te formou
do pó da terra. Venham ao encontro de ti, que estás a partir desta vida, Santa
Maria, os Anjos e todos os Santos [...]. Vejas o teu Redentor face a face e
gozes da contemplação de Deus pelos séculos dos séculos»
(RM, Rito de exéquias, encomendação da alma).
Juízo Particular
Juízo Particular
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É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a
partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às
suas obras.
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Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do
céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou então à condenação
eterna no inferno.
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O Novo Testamento fala do juízo, principalmente na
perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda.
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Mas também afirma, reiteradamente, a retribuição imediata
depois da morte de cada qual, em função das suas obras e da sua fé.
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A parábola do pobre Lázaro (Lc 16,22)
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A palavra de Cristo crucificado ao bom ladrão (Lc 23,43);
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Outros textos do Novo Testamento (2Cor 5,8; Fl 1,23; Hb 9,27; 12,23).
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O destino final da alma pode ser diferente para umas e para
outras.
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Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a
retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a
Cristo,
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quer através duma purificação (DS 856. 1304.1820),
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quer para entrar imediatamente na felicidade do céu (DS 857.991.1000-
1001.1305),
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quer para se condenar imediatamente para sempre (DS 858.1002.1306)
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