segunda-feira, 18 de março de 2013

Por que sou católico? III





III Encontro


Escatologia Intermediária





Na seção anterior vimos como as palavras do Novo Testamento sobre a vinda gloriosa de Cristo e suas consequências foram organizadas e entendidas pela Igreja através da sua doutrina.

Agora precisamos saber: o que acontece com as pessoas que morrem antes da vinda gloriosa de Cristo?
·         Os crentes/evangélicos dizem que eles estão “dormindo”, fundamentados em uma interpretação errada de 1Ts 4,13-14;
·         Os espíritas acreditam que a alma “desencarnada” vai atrás de outro corpo para se “reencarnar”;
·         E nós, em que acreditamos?


Creio na vida eterna (Credo Apostólico)

·         A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte.
·         Ela não terá fim.
·         Será precedida para cada um por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.


 Morte

      A morte

·         Para ressuscitar com Cristo, temos de morrer com ele, temos «de nos exilar do corpo para habitarmos junto do Senhor» (2 Cor 5, 8).
·         Nesta «partida» (Fl 1,23) que é a morte, a alma é separada do corpo. Este cai na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor.
·         Por um lado, a morte do corpo é natural; mas sabemos pela fé que a morte é, de fato, «salário do pecado» (Rm 6, 23).
·         E para aqueles que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar na sua ressurreição.
·         As nossas vidas são medidas pelo tempo no decurso do qual nós mudamos e envelhecemos.
·         A morte surge como o fim normal da vida.
·         Este aspecto da morte confere uma urgência às nossas vidas: temos um tempo limitado para realizar a nossa vida.

«Lembra-te do teu Criador nos dias da mocidade [...], antes que o pó regresse à terra, donde veio, e o espírito volte para Deus, que o concedeu» (Ecl 12, 1.7).


            Consequência do pecado

·         A morte entrou no mundo por causa do pecado do homem (DS 1511).
·         Embora o homem possuísse uma natureza mortal. Deus destinava-o a não morrer.
·         A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus Criador e entrou no mundo como consequência do pecado (Sb 2,23-24)


        Transformada por Cristo

·         Jesus, Filho de Deus, também sofreu a morte, própria da condição humana.
·         Apesar da repugnância que sentiu perante ela (Mc 14,33-34; Hb 5,7-8), assumiu-a num ato de submissão total e livre à vontade do Pai.
·         A obediência de Jesus transformou em bênção a maldição da morte (Rm 5,19-21).

Rm 5,18-19

18Por conseguinte, assim como pela falta de um só resultou a condenação de todos os homens, do mesmo modo, da obra de justiça de um só, resultou para todos os homens justificação que traz a vida. 19De modo que, como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.


           O sentido da morte cristã

·         Na morte, Deus chama o homem a Si.
·         É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: «Desejaria partir e estar com Cristo» (Fl 1, 23).
·         E pode transformar a sua própria morte num ato de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23,46).

«Quero ver a Deus, e para vê-lo é preciso morrer» (S. Teresa de Jesus, Poesia, 7).
«Eu não morro, entro na vida» (S. Teresinha, Lettre).


      Fim da peregrinação terrena

·         A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrena segundo o plano divino e para decidir o seu destino último.
·         Quando acabar «a nossa vida sobre a terra, que é só uma» (LG 84), não voltaremos a outras vidas terrenas.
·         «Os homens morrem uma só vez» (Hb 9, 27). Não existe «reencarnação» depois da morte.


   Morrer em Cristo

·         É morrer na graça de Deus, sem pecado mortal.
·         O que crê em Cristo e segue o Seu exemplo pode assim transformar a própria morte num ato de obediência e de amor ao Pai.
·         «É certa esta palavra: se morrermos com Ele, também com Ele viveremos» (2 Tim 2,11).

     Pedir uma boa morte

·         A Igreja nos encoraja a prepararmo-nos para a hora da nossa morte («Duma morte repentina e imprevista, livrai-nos, Senhor»: antiga Ladainha dos Santos), a pedirmos à Mãe de Deus que rogue por nós «na hora da nossa morte» (Oração da Ave-Maria) e a confiarmo-nos a São José, padroeiro da boa morte.
·         A Igreja, depois de, pela última vez, ter pronunciado sobre o cristão moribundo as palavras de perdão da absolvição de Cristo e de, pela última vez, o ter marcado com uma unção fortificante e lhe ter dado Cristo, no Viático, como alimento para a viagem, fala-lhe com estas doces e confiantes palavras:

«Parte deste mundo, alma cristã, em nome de Deus Pai onipotente, que te criou, em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, que por ti sofreu, em nome do Espírito Santo, que sobre ti desceu; chegues hoje ao lugar da paz e a tua morada seja no Céu, junto de Deus, na companhia da Virgem Maria, a Mãe de Deus, de São José e de todos os Anjos e Santos de Deus [...]. Confio-te ao Criador para que voltes Àquele que te formou do pó da terra. Venham ao encontro de ti, que estás a partir desta vida, Santa Maria, os Anjos e todos os Santos [...]. Vejas o teu Redentor face a face e gozes da contemplação de Deus pelos séculos dos séculos» (RM, Rito de exéquias, encomendação da alma).


Juízo Particular 
    Juízo Particular

·         É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras.
·         Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou então à condenação eterna no inferno.
·         O Novo Testamento fala do juízo, principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda.
·         Mas também afirma, reiteradamente, a retribuição imediata depois da morte de cada qual, em função das suas obras e da sua fé.
- A parábola do pobre Lázaro (Lc 16,22)
- A palavra de Cristo crucificado ao bom ladrão (Lc 23,43);
- Outros textos do Novo Testamento (2Cor 5,8; Fl 1,23; Hb 9,27; 12,23).
·         O destino final da alma pode ser diferente para umas e para outras.
·         Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo,
- quer através duma purificação (DS 856. 1304.1820),
- quer para entrar imediatamente na felicidade do céu (DS 857.991.1000-
1001.1305),
- quer para se condenar imediatamente para sempre (DS 858.1002.1306) 

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