segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

III DOMINGO DA QUARESMA


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Caros irmãos e irmãs,

As leituras de hoje podem nos causar um certo desconforto e receio: “Então se eu não me converter vai acontecer uma tragédia comigo?”
Para interpretar adequadamente o Evangelho e a segunda leitura é preciso retornar à oração inicial (oração coleta): “Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia”.

No evangelho, Jesus comenta duas tragédias de seu tempo. O que aconteceu com aqueles que foram assassinados por Pilatos ou morreram esmagados pela torre de Siloé não foi consequência de seus pecados, mas é uma mensagem para todos os pecadores. Se não nos convertermos, nossa sorte será igual ou pior, porque nos perderemos. O Senhor não está afirmando que as catástrofes só acontecem por causa dos pecados da humanidade. Ele está ensinando algo mais profundo: morrer em pecado é uma catástrofe pior que as mencionadas por ele, é a perdição.
Este ensinamento de Jesus, porém, é compreendido melhor à luz da parábola que ele conta a seguir. O dono de uma vinha possuía uma figueira que há três anos não dava fruto. Ele então resolveu cortá-la para não ficar inutilizando a terra, mas o vinhateiro (o empregado que trabalhava cuidando da vinha) intercedeu pela árvore: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a  cortarás” (v.9). Jesus é o vinhateiro que, com sua vida, morte e ressurreição, intercedeu por nós, figueiras estéreis, homens e mulheres pecadores.
Na primeira leitura percebemos que a misericórdia é a forma de Deus agir com o seu povo: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores (...) Desci para libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los sair daquele país para uma terra boa e espaçosa,  uma terra onde corre leite e mel” (Ex 3,7-12). Para os primeiros cristãos e a Igreja, o trabalho forçado no Egito é símbolo da escravidão do pecado e a terra prometida é sinal de uma vida nova. O próprio Deus desce do céu para libertar o seu povo, e Ele faz isso através de seu Filho Jesus Cristo. Não só liberta do pecado mas dá uma vida de felicidade, de abundância.
Estas leituras nos mostram claramente que Deus sempre quer agir com misericórdia para com os seus, porque Ele é misericórdia. Mas Ele também é justo e age consequentemente para quem escolhe um caminho de perdição, quem prefere viver no Egito e não dar frutos. Deus não trata igualmente aqueles que o procuram e tentam viver segundo a sua Palavra e aqueles que vivem blasfemando, odiando o próximo, roubando os pobres.
Recordemos, então, o convite que a Igreja nos fez na Quarta-feira de Cinzas: “Convertei-vos e crede no evangelho”.

Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba

Um comentário:

  1. Obrigada padre Emílio suas homilías como sempre muito ricas e valiosas!

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