Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Caros irmãos e irmãs,
As leituras de hoje podem nos causar um certo desconforto e
receio: “Então se eu não me converter vai acontecer uma tragédia comigo?”
Para interpretar adequadamente o Evangelho e a segunda
leitura é preciso retornar à oração inicial (oração coleta): “Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade,
vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza
para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia”.
No evangelho, Jesus comenta duas tragédias de seu tempo. O
que aconteceu com aqueles que foram assassinados por Pilatos ou morreram
esmagados pela torre de Siloé não foi consequência de seus pecados, mas é uma
mensagem para todos os pecadores. Se não nos convertermos, nossa sorte será
igual ou pior, porque nos perderemos. O Senhor não está afirmando que as
catástrofes só acontecem por causa dos pecados da humanidade. Ele está
ensinando algo mais profundo: morrer em pecado é uma catástrofe pior que as
mencionadas por ele, é a perdição.
Este ensinamento de Jesus, porém, é compreendido melhor à
luz da parábola que ele conta a seguir. O dono de uma vinha possuía uma
figueira que há três anos não dava fruto. Ele então resolveu cortá-la para não
ficar inutilizando a terra, mas o vinhateiro (o empregado que trabalhava
cuidando da vinha) intercedeu pela árvore: “Senhor, deixa a figueira ainda este
ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto.
Se não der, então tu a cortarás” (v.9).
Jesus é o vinhateiro que, com sua vida, morte e ressurreição, intercedeu por
nós, figueiras estéreis, homens e mulheres pecadores.
Na primeira leitura percebemos que a misericórdia é a forma
de Deus agir com o seu povo: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e
ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores (...) Desci para
libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los sair daquele país para uma terra
boa e espaçosa, uma terra onde corre
leite e mel” (Ex 3,7-12). Para os primeiros cristãos e a Igreja, o trabalho
forçado no Egito é símbolo da escravidão do pecado e a terra prometida é sinal de
uma vida nova. O próprio Deus desce do céu para libertar o seu povo, e Ele faz
isso através de seu Filho Jesus Cristo. Não só liberta do pecado mas dá uma
vida de felicidade, de abundância.
Estas leituras nos mostram claramente que Deus sempre quer
agir com misericórdia para com os seus, porque Ele é misericórdia. Mas Ele
também é justo e age consequentemente para quem escolhe um caminho de perdição,
quem prefere viver no Egito e não dar frutos. Deus não trata igualmente aqueles
que o procuram e tentam viver segundo a sua Palavra e aqueles que vivem
blasfemando, odiando o próximo, roubando os pobres.
Recordemos, então, o convite que a Igreja nos fez na
Quarta-feira de Cinzas: “Convertei-vos e crede no evangelho”.
Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba
Pe. Emilio Cesar
Pároco de Guaiuba
Obrigada padre Emílio suas homilías como sempre muito ricas e valiosas!
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